Aqui compartilho contos, crônicas, poesia, fotos e artes em geral. Escrevo o que penso, e quero saber o que você pensa também. Comentários são benvindos! (comente como ANÔNIMO e assine no fim do comentário). No "follow by E mail" você pode se cadastrar para ser avisado sempre que pintar novidade no blog.

terça-feira, 31 de julho de 2012

Água, Açúcar e Chicotinho: Cinquenta Tons de Cinza.

O topo da lista de best sellers daqui já está reservado para o maior fenômeno editorial mundial depois das sagas de "Harry Potter" e dos vampiros adolescentes. Será lançado este mês no Brasil "Cinquenta Tons de Cinza", da britânica E. L. James, o primeiro volume da trilogia que já abocanhou sozinha 25% do mercado editorial americano. Trata-se de um thriller adocicado com pitadas generosas de erotismo. A sinopse: Jovem ingênua envolve-se     com homem mais velho, um bilionário atormentado, enigmático e bonitão, que acaba por induzi-la a assinar um contrato no qual a heroína se obriga a entregar sua vida e sua sexualidade a seus caprichos sado-eróticos. Cheira a clichê ? Tudo isso em uma linguagem literária sofrível,  e de um ponto de vista bem mulherzinha, segundo asseguram os críticos de ambos os sexos. Mas quem se importa? As mulheres de todo o mundo estão adorando e seus parceiros estão colhendo os frutos, sem terem que descompensar seu nível glicêmico lendo o livro. Parece que, depois da leitura, as mulheres ficam doidas para reproduzir em casa (ou não) as perversões safadinhas da heroína. No entanto, deixem a insulina à mão: a leitura pode vir a ser bastante instrutiva para os marmanjos. Embora a primeira cena de sexo só aconteça na página 100, aguente firme: talvez venhamos a descobrir um pouco sobre como funciona a fantasia erótica feminina e possamos tirar partido disso, com benefícios práticos para os dois lados da cama. Então você, maridão que anda achando o sexo caseiro desenxabido, que tal encomendar logo a trilogia toda para a patroa? Ou para a "outra", quem sabe? Estão previstas mudanças sensíveis acontecendo entre as quatro paredes do quarto  dos casais brasileiros.

Charge fifty shades of grey, cinquenta sombras de grey





Leia mais sobre o livro:
http://www.intrinseca.com.br/site/2012/06/trilogia-cinquenta-tons-de-cinza-entra-em-pre-venda/

O Banco Verde


terça-feira, 24 de julho de 2012

Semana Sabática na Serra, ou O Sr. "Jenessequá"


Saíra-militar (clique nas fotos para ampliar)

Minha tradicional SSS - semana sabática na serra - ficou reduzida a cinco dias este ano, por conta da perspectiva de uma viagem de duas semanas em setembro próximo. Hay que capitalizar-se... Munido de equipamento de fotografia, artigos medico-científicos, material de aquarela e alguns livros, subi a montanha em direção ao nosso sítio na última quarta-feira. Minha mulher só subiria na sexta à noite, depois do trabalho. “Alguém tem que trabalhar nessa casa, afinal”, diria um amante do lugar comum.

Um dos livros que veio na bagagem foi, por coincidência, “Como Ficar Sozinho”, de Jonathan Frenzen e já estou nas últimas páginas. Havia lido um trecho do livro na revista “Piauí” dedicada à FLIP – Feira Literária Internacional de Parati - e gostei de sua preocupação explícita em se fazer claro para o leitor médio e também pelo seu amor à observação de pássaros. Entrevistado recentemente a caminho de Parati, Frenzen tinha a expectativa de poder se entregar, um pouco que fosse, à observação nossa fauna ornitológica. Espero que tenha conseguido. Estabelecidas essas empatias, entrei semana passada na livraria Gutenberg, em Icaraí, atrás de um de seus livros. Acabei levando dois: além do “Como Ficar Sozinho”, o romance “As Correções” me aguarda na prateleira.

Saí-azul (macho)
 Parênteses: bisbilhotar livrarias é um prazer antigo. Quando trabalhava no Centro do Rio, usava a hora do almoço para , quando tinha tempo, visitar uma exposição no Paço, no CCBB ou no Museu de Belas Artes, ou folhear sem compromisso as novidades na “Livraria da Travessa” original, na Travessa do Ouvidor. Hoje, quando as consultas da manhã não me estrangulam o horário do almoço, escapo para a livraria Gutenberg, em Icaraí. Raramente meu cartão de crédito sai ileso. Como conseqüência, a pilha de livros por ler em minha mesinha de cabeceira deve ter mais de uma dúzia, três ou quatro começados. Tenho o hábito de ler um livro de ficção e outro de não ficção simultaneamente, além da sagrada e prazerosa leitura da National Geographic. Às vezes me questiono se a pilha de livros ainda por ler me causa a angústia obsessiva das tarefas pendentes. Muito pelo contrário. A perspectiva de ter tantas coisas interessantes por ler, saber que tenho tantos bons textos me aguardando, me enche de alegria em antecipação dos prazeres futuros. Me aguardando no momento: “1984” de Orwell (começado), “A Menina de Capuchinho Vermelho e Outros Contos de Meter Medo”, de Angela Carter (quase terminado), o ecológico “A História das Coisas’,de Annie Leonard (começado), “Teorias Selvagens”, da argentina Póla Oloixarac e “Deuses Americanos”, de Neil Gaiman. Todos terão a sua vez. Preciso dar um tempo nas visitas à Gutenberg. Fecha parênteses.

Vissiá
O livro de Frenzen (”Como Ficar Sozinho”) é uma coleção de ótimos ensaios sobre os mais variados assuntos, sempre de um ângulo subjetivo e emocional, sem, no entanto, deixar de lado a objetividade. Ele percorre assuntos como o mal de Alzheimer, que vitimou seu pai, o crescimento econômico chinês e como ele vem atingindo em cheio as reservas naturais e a vida selvagem, o sistema prisional americano e diversos outros temas. Para cada ensaio, Frenzen se envolve pessoalmente com protagonistas reais, deslocando-se local onde a ação se desenvolve. Independente de seus conceitos antecipados (pré-conceitos) em cada assunto, ele acaba por descobrir no palco de cada tema, personagens reais tentando, cada um à sua maneira, fazer a coisa certa, mesmo nos extremos opostos de cada disputa. Frenzen nunca consegue chegar a conclusões panfletárias, acaba ficando em algum lugar no meio do caminho, atolado e emocionalmente envolvido nos aspectos humanos dos protagonistas.

Num de seus ensaios, Frenzen reflete sobre sua decisão de se tornar escritor, num mundo onde a grande maioria das pessoas parece não ter interesse em dispor de seu escasso e precioso tempo para a leitura de romances. Em tempos de TV, internet e cinema, os livros parecem ter perdido espaço como meio para divulgação de novas idéias ou denúncia de situações relevantes que já não tenham sido expostas pela mídia instantânea, que hoje domina a cena. Acredito, no entanto, que nada supera o livro como instrumento que nos faça mergulhar profundamente nos aspectos da subjetividade, daquilo que nos faz seres humanos únicos e ao mesmo tempo compartilhantes de universalidade humana.

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Gaturamo-bandeira
Conheço muitas pessoas que ficam apavoradas só de imaginarem-se por cinco ou dez dias longe da Internet, dos Shopping Centers, do sinal de celular e de tudo o mais que compõe o turbilhão das grandes cidades, no qual estamos enfiados até o pescoço na maior parte do tempo. A perspectiva de não ter o tempo constantemente ocupado e a atenção saltando freneticamente de galho em galho daquilo que chamamos de vida moderna deixa muita gente com medo de se ver diante de um não-sei-o-quê, que poderia brotar do fundo de si mesmos.

Eu, por meu lado, preciso dessa pausa, preciso travar contato com o Sr. Jenessequá., fazer as pazes e travar amizade com ele. Acreditem: ele é um cara legal. As conversas que tenho com ele me são essenciais. Ele foi meu único companheiro nesses poucos dias aqui sozinho. Já o tédio, esse não existe por aqui. Na verdade, volto sempre com uma ponta de frustração por não ter dado conta de tudo que me havia proposto a fazer, mas nada que me perturbe. É parte da motivação para próximas vindas à serra. Aquarela, por exemplo, dançou. Estudei medicina, li bastante e, principalmente, fotografei muitos pássaros. Flagrei, pela primeira vez, a saíra militar, o gaturamo bandeira, a fêmea do gaturamo serrador (ou ferro-velho) e o tié de topete, além de mais quatro espécies que ainda vou identificar with a little help from my friends do Wiki-Aves. Ornitologicamente falando, a semana foi perfeita. O Frenzen teria gostado de estar aqui.

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Pesquisa informal: Faço a você as perguntas que sempre faço aos meus pacientes que flagro lendo um livro na sala de espera de meu consultório: O que você está lendo atualmente? Quais livros estão aguardando em sua mesinha de cabeceira? Você lê mais de um livro ao mesmo tempo?

segunda-feira, 16 de julho de 2012

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Tiro no pé





Tudo bem então, vamos deixar as coisas bem claras. Nossa relação não passa de um exercício de narcisismo mal disfarçado. Vai dizer que não percebeu? Isso, dito assim, pode ser um tiro no meu pé. Mas prefiro deixar bem claro que o que me leva a escrever e a pintar não carrega nenhum resquício de altruísmo, muito pelo contrário. Quero mais é que você me curta, me like, me ame e, se possível ligue no dia seguinte deixando um comentariozinho no Face ou no Blog: “Foi bom pra mim também”. Mas afinal, não é isso que estamos todos fazendo? Não é o que você faz quando deixa aquele monte de fotos suas com cara de inteligente e olhar cool, cercado de amigos em lugares bacanas? Fala a verdade! Então, não me critique. É patético, reconheço, mas toda vez que eu posto uma aquarela ou um texto como esse aqui no Blog, eu mal posso conter a ansiedade para verificar quantos acessos teve essa página que vos fala, quantos morderam a isca e se deram o trabalho de ler o que escrevi ou olhar o que aquarelei. Como um adolescente que fica contando quantas ele pegou na balada. Mas, me dê um desconto, não é só isso, só pegação sem sentimento. Na verdade, fico muito grato e envaidecido quando alguém, assim como você está fazendo agora, se dá ao trabalho de ler um texto desse tamanho, nesses tempos de twitter e mensagens de duas linhas, no máximo. Li outro dia que pessoas que lêem romances não passam de um por cento da população. Leitores de crônicas e contos não devem ser mais que três, quatro por cento. Portanto, caro leitor, você é uma pessoa rara!

Num buraco um pouco mais embaixo desse aspecto estritamente numérico, existem duas razões mais profundas para eu (me) expor assim o que penso, o que sinto, a maneira particular como vejo o mundo. Quero, de antemão, me desculpar se vou chover no molhado; não fiz nenhuma pesquisa teórica sobre esse assunto que, decerto, já foi e continuará sendo assunto de zilhões de teses de mestrados e doutorados: O que leva alguém a querer de expressar de modo artístico? Vou responder apenas por mim. Uma razão é a perspectiva de que vamos ficar aqui no mundo por um período bem curtinho, no qual poderemos ou não passar adiante o carma e a carga genética que nos foi confiada para, pouco depois, não sobrar nenhum vestígio de nossa breve e insignificante intervenção no universo das coisas palpáveis. Fazendo arte, seja erguendo pirâmides ou escrevendo poesia na parede do banheiro da escola, tentamos prolongar a marca de nossa passagem por uma, dez ou mil gerações. Uma forma ingênua de nos iludirmos em relação à nossa inescapável impermanência.

E outra, que já sugeri ali acima: trata-se de uma solidão que se quer dividir. Lançamos em forma de arte sondas atmosféricas, batiscafos abissais, naves intergalácticas que buscam aflitas descobrir se na sua galáxia íntima, leitor, no seu outro universo individual, existem solidões, angústias, decepções, espantos, alegrias e felicidades como as que existem do lado de cá desse teclado. Quando o que digo e escrevo faz eco aí do seu lado, é assim como quando a gigantesca nave mãe reproduz o chamado musical no filme “Contatos Imediatos do Terceiro Grau”: a mensagem é um veemente SIM, eu também sinto isso, eu também tenho a mesma dúvida, o mesmo medo, o mesmo assombro. Então, você e eu nos sentimos um pouco menos sós.

Lembra do filme "Contatos Imediatos"? Veja o trailer:

domingo, 8 de julho de 2012

A Rede Azul

Nossa varanda do sítio sobre o Rio Bonito,  pintada ontem au plein air. - Rio Bonito de Cima, Nova Friburgo, RJ

segunda-feira, 2 de julho de 2012