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terça-feira, 23 de abril de 2013

“Livre”: Caminho de Santiago é para os fracos (resenha)

Pacific Crest Trail

Estou sentado, aquecido, seguro e confortável lendo um bom livro. A pouca distância de onde estou, não mais que cinco ou seis metros, a mata se inicia e se estende morro acima. Observo a natureza se aproximando menos tímida, quase me aceitando como parte dela. Dois ou três esquilos saltam das árvores até o chão e de volta para as árvores: uma saracura sente-se à vontade para esvoaçar até a bandeja de madeira onde há grãos de milho; sanhaços, tiês, gaturamos, ferro-velhos e sabiás revezam-se devorando bananas espetadas em um galho horizontal da grande árvore que acredito ser um vinhático; meia dúzia de beija-flores esvoaçam ao redor da garrafa-bebedouro pendurada na varanda; escuto tiribas, maritacas e outras aves manifestando-se fora do alcance da vista.

Tenho nas mãos um volume de “Livre”, obra de Charyl Strayed, que comecei a ler há poucos dias. Um daqueles livros que às vezes compro por impulso, sem nenhuma referência anterior que o recomende, ao explorar as bancadas e lançamentos das livrarias. Raramente me arrependo.

A narrativa de Strayed descreve sua caminhada e três meses pela Pacific Crest Trail – PCT (Trilha da Crista do Pacífico), que se estende ao longo de toda costa oeste dos Estados Unidos, desde o México até o Canadá, levando nas costas uma mochila com mais da metade de seu próprio peso. E os motivos dramáticos que a levaram a decidir-se pela aventura aos vinte e poucos anos: a morte prematura por câncer de sua mãe, até então sua referência no mundo, a consequente desagregação do que restou de sua família, a espiral de autodestruição em que mergulhara sua vida; a promiscuidade sexual, o envolvimento com drogas, a destruição da relação que tinha com o homem que a amava. A perspectiva da caminhada solitária surge como a derradeira e desesperada chance de reatar relações amistosas consigo própria.

Na maior parte caminho, nada de albergues, companhia ou constantes referências de civilização. Ursos, cascavéis, nevascas, quedas, avalanches e o fantasma constante do encontro com um puma a obrigam a despir-se dos papéis que até então representara como mulher atraente e a encarar seus aspectos mais essenciais como ser humano. É também um relato de companheirismo, solidariedade e amizade de outros trilheiros, cada um com suas diferentes motivações.

Surpreendentemente bem escrito, a leitura deste livro vai agradar especialmente aqueles, que como eu, têm prazer em relatos de aventura e solidão, como “No Ar Rarefeito”, “Na Natureza Selvagem” e no clássico “Walden, ou A Vida Nos Bosques” de H. J. Thoreau. Emoldurado por uma paisagem grandiosa e intocada, este é um daqueles relatos onde o isolamento e a perspectiva do valor das menores coisas, como a distância até a próxima fonte de água potável ou um lugar firme para apoiar o pé e dar o próximo passo, são capazes de devolver-nos a noção do que é essencial. Causou-me uma vontade de transcender esta relação voyeurística com a natureza e me atracar com ela. Vai que fico velho...

terça-feira, 16 de abril de 2013

Marinha

Daprès original a óleo de Edward Seago (clique na imagem para ampliar)

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Fim de Verão

Baseada em óleo sobre tela de Isaac Levitan (clique na imagem para ampliar)
watercolor

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Neblina

Aquarela pronta (clique na imagem para ampliar)


Esta foi a primeira aguada da aquarela acima. Lots of fun in doing it! Poderia, forçando um pouco a barra, dá-la por acabada e intitular com algo tipo "Winter Landscape, North Dakota".