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domingo, 23 de junho de 2013

Da utopia à realidade

Não sou de acreditar em tudo que leio na internet ou no FB. Custei a me manifestar na questão da "importação" de "médicos" "estrangeiros" pelo governo do PT, tudo assim entre aspas mesmo: não é importação e nem são cubanos. São brasileiros convocados entre militantes do PT, em especial no MST; e não são realmente médicos. Leia este link e entenda.

"Todos os bichos são iguais. Mas alguns são mais iguais do que os outros."
Uma coisa que me foge inteiramente ao entendimento, apesar de meus melhores esforços em tentar compreender outros pontos de vista, é o porquê de tantos brasileiros bem informados e aparentemente inteligentes, inclusive amigos e parentes meus, enxergarem em Cuba qualquer coisa, isso mesmo, qualquer coisa que possa servir de modelo para o Brasil. Concluo que só pode ser uma mistura de desinformação, burrice e ingenuidade. Ou má fé pura e simples. Se é para invejar algum país socialista, eu admito que invejo a Suécia ou a Dinamarca. Mas não Cuba.

Talvez eu mudasse de ideia se alguém fosse capaz de me mostrar uma única história de socialismo totalitário bem sucedido na face do planeta. E não me venham dizer que não dá certo porque a Cuca ou o Bicho Papão Capitalistas não deixam. Se o socialismo totalitário fosse viável, ele já teria inviabilizado o capitalismo, e não o inverso. Na verdade, admito, o comunismo seria excelente se acontecesse em um planeta habitado por seres de espírito muito mais elevado e solidário do que o dos seres humanos de carne e osso. Mas o homem é imperfeito e, como consequência, os ditadores são imperfeitos, os políticos são  imperfeitos e todas as ditaduras são perniciosas. Todos os fãs de Cuba, de Che, de Fidel e do comunismo (não me venham com eufemismos: Cuba é uma ditadura comunista) deveriam perder meia hora e ler aquele livrinho que todos já ouviram falar, mas parece que quase ninguém leu: a "Revolução dos Bichos", de Orwell.

Países só andam para a frente quando seus habitantes são incentivados a, de maneira livre, ética e legal, empreender, progredir, se aperfeiçoar e usufruir da riqueza gerada por  seus próprios esforços. E depois, sob a supervisão de um Estado democrático, contribuir com parte de seus ganhos para o bem estar e a proteção de todos, inclusive provendo condições dignas para os que não são tão bem sucedidos. A lei e o Estado devem tanto permitir que todo e qualquer cidadão tenha a possibilidade de enriquecer quanto preservar a propriedade daqueles que obtêm riqueza. Nem sempre este equilíbrio é fácil. Já a expropriação dos meios de produção por parte do Estado, tanto quanto um Estado que existe apenas para proteger o monopólio das fontes de riqueza para uns poucos, nos dois extremos do espectro esquerda-direita, estão fadados a longo prazo à pobreza.

Quanto ao que vem ocorrendo de forma tão vigorosa no Brasil nesta última semana, não acredito que estejamos presenciando um renascer, uma aurora de uma nova era para nosso país. Eu, em pouco mais de meio século, já presenciei a revolução de 64, o milagre brasileiro, a anistia, a volta do irmão do Henfil, o "Diretas Já", a eleição de Tancredo, a posse de Lula, o "nunca dantes nesse país". Todos eram o início de uma nova era. Os jovens podem (e devem!) ser idealistas e acreditar na utopia. Faz parte. Eu estou ficando velho. Sei que o caminho é longo, cheio de desvios e armadilhas, e que nem sempre se anda para frente. Quero crer, no melhor de minhas esperanças que, se as coisas não desandarem, conseguiremos avançar alguns poucos passos mais na direção do país que sonhamos e nem sei se merecemos. Mas aí me lembro que o José Dirceu surgiu como um desse jovens idealistas que hoje inflamam as nossos melhores sonhos e quase perco as esperanças. Quase.

Se quiserem, tem a versão cinematográfica do livro de Orwell.

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