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sábado, 29 de junho de 2013

É só esquerda e direita?

Estava eu comendo uma fatia de torta de banana com suco de laranja ontem, em uma confeitaria da Cobal de Humaitá, no Rio, quando o diálogo entre duas senhoras ali pelos seus 50 anos, que aguardavam na fila sua vez de pagarem suas contas, começou a ficar mais exaltado e chamou minha atenção. Debatiam sobre a validade ou não do bolsa-família. Uma, aparentemente sem pretexto algum, começou a externar sua discordância em relação ao programa. A segunda, que depois se identificou como professora universitária e eleitora de carteirinha do PT, começou a argumentar a favor, sem que conseguisse, ou talvez nem pretendesse, demover a primeira de suas posições. Vendo que não chegariam a um acordo, a segunda começou a dizer de modo veemente: “A senhora é de direita, é isso que a senhora é. Direitista!” A “direitista” então saiu da confeitaria sem contra argumentar, deixando atrás de si as balconistas felicitando a professora por sua vitória (por abandono do ring) no debate relâmpago.

Nestes tempos de intenso debate político no Brasil, parece que as pessoas estão sendo classificadas de maneira simplista e maniqueísta em “de esquerda” e “de direita”.

Quem é de esquerda, na visão dos de direita, come criancinhas no café da manhã. Quem é de direita, na visão da esquerda, come o café da manhã das criancinhas.

Numa utilização equivocada deste raciocínio simplista, ser contra o vandalismo é ser de direita e ser a favor seria coisa da esquerda. Mas criticar o mensalão e querer os mensaleiros presos seria coisa da direita? Ser a favor do fim dos partidos políticos seria coisa da direita ou da esquerda? Os que lutam contra as restrições às liberdades individuais em Cuba seriam de direita? E os que são contra as privatizações seriam de esquerda? Me arrepio quando militantes do PT minimizam o mensalão tanto quando adversários do PT pedem o impeachment da Dilma. Fica claro que uma classificação apenas em esquerda ou direita não é capaz de definir uma série de posições políticas em qualquer contexto.

Existe outra dimensão além da horizontal esquerda-direita. Na vertical, somos libertários ou autoritaristas. Você pode ser tanto de direita como de esquerda e ser libertário ou autoritarista. Fidel é a esquerda autoritarista, assim como Stálin. Os militares que deram o golpe de 1964 eram de direita, mas tão autoritaristas quanto os comunistas que temiam e combatiam. Milton Friedman representa a direita simples, enquanto Margareth Thatcher seria a direita-autoritarista. Ser contra a plena liberdade da imprensa e acreditar que o mensalão foi um mal necessário não fazem de você um militante da esquerda, mas sim um militante do autoritarismo. Então, é bom não confundir uma coisa com a outra.

Existe um teste muito interessante e esclarecedor disponível no site Political Compass (link) que ajuda a definir o seu perfil político. Leva 5 minutos para ser respondido e pode ser feito em inglês ou em espanhol (para versão em espanhol clique no ícone no canto superior esquerdo da página do link). Respondi as questões e o veredito é que sou de esquerda libertária. Estou na honrosa companhia de Gandhi em minhas posições. Longe tanto de  Stálin quanto de Thatcher. Vejam meu laudo (o ponto vermelho): 


Sou mais socialista (esquerda) que liberal (direita), e mais anarquista (embaixo) que fascista (em cima), mas longe dos extremos.

Façam o teste e descubram quais são realmente suas posições políticas. Depois me digam nos comentários. talvez vocês se surpreendam com seus laudos.

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